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A atenção é um dos requisitos fundamentais no processo de aprendizagem. Quando este processo cognitivo está alterado, surgem necessariamente problemas escolares e comportamentais.
A perturbação da atenção anda frequentemente associada à hiperatividade e à impulsividade, constituindo um quadro clínico conhecido por PERTURBAÇÃO DE HIPERATIVIDADE COM DÉFICE DE ATENÇÃO (PHDA).
A PHDA, é um transtorno de origem neurobiológica caracterizado por desatenção, impulsividade e hiperatividade. Estes sintomas refletem-se em diferentes comportamentos e problemáticas que interferem no processo de aprendizagem da criança, nomeadamente:

  • Dificuldades em organizar o seu horário, o seu material e o seu trabalho
  • Dificuldades em focar e manter a atenção nas tarefas
  • Dificuldade em seguir instruções e terminar os trabalhos
  • Dificuldade em efetuar tarefas que envolvam esforço mental prolongado
  • Distração fácil
  • Dificuldades em cumprir ordens
  • Precipitação e impulsividade na realização das tarefas
  • Por vezes, existe acentuada agitação motora (mexer-se muito, levantar-se da cadeira frequentemente, dificuldade em brincar com calma)
  • Falar muito
  • Perder ou esquecer o material necessário para o trabalho

Todas estas problemáticas se irão concretizar em dificuldades de aprendizagem em diversas áreas

1. Leitura:

Frequentemente, a criança com PHDA, faz uma leitura precipitada e incorreta, devido à impulsividade e à desatenção, o que lhe dificulta a compreensão do texto escrito.

 

2. Cálculo numérico:

As crianças com PHDA podem apresentar dificuldades para converter o concreto em abstrato, para utilizar o pensamento lógico, quer dizer, para imaginarem o enunciado de um problema.
Por vezes, erram também devido a precipitação na leitura e interpretação do problema, cometendo erros na sua resolução.

3. Escrita:

Estas crianças costumam apresentar alguma dificuldade na motricidade fina, o que se reflete em problemas nas habilidades manuais como, colorir, cortar, na caligrafia, que é muitas vezes irregular e pouco organizada. Dão frequentemente erros na escrita devido à desatenção e têm dificuldades em memorizar as regras ortográficas.

 

4. Expressão oral:

Na maior parte dos casos o seu pensamento vai mais rápido que a sua fala, pelo que se nota no discurso uma falta de organização e de reflexão, parecendo, por vezes incoerente. Costumam falar em excesso e de forma impulsiva.

Com estas dificuldades, o insucesso escolar é frequente e acompanhado de grande desmotivação e de baixa autoestima, estabelecendo-se um ciclo do qual a criança não consegue sair sem ajuda.

O que podemos fazer em casa?
• Utilize o reforço positivo com a criança, elogiando e premiando as suas melhorias e esforços, no sentido de fomentar comportamentos mais adequados e melhorar a autoestima. Mostre sempre o quanto se orgulha e gosta dela.
• Estabeleça regras mas seja flexível
• A disciplina deve ser consistente e de acordo com a idade
• Evite ser repetitivo; evite os “sermões”
• As instruções a dar à criança devem ser claras e objetivas
• Crie condições e hábitos de estudo, ajudando a criança a organizar e planificar as tarefas de forma a conseguir tornar-se mais autónoma; crie um ambiente de estudo calmo, sem fatores distratores (como a televisão) e com regras definidas, nomeadamente, um horário de estudo que seja realista e que inclua pequenos espaços para descanso.
• Ensine à criança um método de estudo, que pode passar pelos seguintes passos: pré-leitura, leitura mais atenta, fazer esquemas , resumos ou sublinhados, memorização e autoavaliação.

O que podemos fazer na escola?
• Coloque o aluno perto do professor, para poder supervisioná-lo e de preferência junto a um colega calmo e que o possa ajudar
• Estabeleça tarefas concretas, curtas e diversificadas, premiando sempre a sua realização
• Incentive a qualidade do trabalho versus a quantidade
• Solicite frequentemente a participação do aluno nas atividades para melhorar o seu nível de atenção
• Dê instruções claras e objetivas, assegurando-se que o aluno ouviu e percebeu. Seja firme e assertivo na implementação das regras
• Utilize o reforço positivo, valorizando sempre o trabalho e esforço do aluno

Muitas destas crianças necessitam de efetuar medicação para a PHDA e, paralelamente, terapia comportamental.
Teresa Pisco (SPO)

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